As práticas religiosas Guarani Mbya são determinantes para que se possa compreender os cenários que compõe as aldeias. Plantações, e os tipos de mata e de fauna (animais) e flora em que os povos Guarani Mbya buscam viver, estão vinculadas às práticas espirituais, de relação com os espíritos, e ao mesmo tempo da criação de regras que as pessoas da aldeia precisam seguir, para que possam ser Guarani ete’i (verdadeiro), e alcancem a morada sagrada dos nhe’e (espíritos protetores). Isso significa aprender determinadas práticas, valores e procedimentos: saberes que os Guarani Mbya precisam para viver o mbya reko (modo de ser Guarani Mbya) … Como nos ensina o cacique Ronaldo (Karaí Tukumbo), da aldeia Piraí (SC):

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Os saberes mbya levam a uma longa caminhada, cuja jornada é guiada pelos mais velhos, através de suas histórias e de suas conversações com os deuses. É comum os Guarani Mbya visitarem outras aldeias, para encontrar parentes, e ouvir as histórias que os mais velhos da aldeia contam. As paisagens em que os Guarani Mbya fazem suas caminhadas, assim, vão se transformando, adequando-as aos ambientes em que vivem o mbya reko (modo de ser Guarani Mbya). As aberturas de estradas, trilhas, travessias, vão redesenhando as paisagens… assim, os Guarani Mbya aprendem duplamente: através das histórias dos mais velhos, e através das práticas que realizam em suas caminhadas, vão desenvolvendo seus espíritos na busca por purificação, e na defesa do mbya reko

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A história narrada pelo xeramói (avô, ancião, mais velho) Guarani Mbya, seu Adolfo, aparece no filme Desterro Guarani (2011), em que o cacique Ariel Ortega reflete sobre como os Guarani Mbya foram desterrados após as guerras que levaram à expulsão dos Guarani das regiões das missões, no século XVIII. Através das histórias dos mais velhos, os Guarani Mbya aprendem sobre sua caminhada, e a forma como os povos Guarani trabalharam e edificaram os espaços das reduções. Hoje, estes espaços constituem as ruinas das reduções, e os Guarani Mbya identificam estes espaços como Tava, por onde passaram seus antepassados, os nhanderu mirim, antes de irem para as moradas celestiais. Estes trabalhos de construção e ocupação das regiões missioneiras, deixaram marcas nas paisagens destas regiões: as pedras encontradas em morros e montanhas da região, demonstram os vestígios dos cortes e retirada de pedras, para construção das Tava (casas de pedra). Nestes locais, os mais velhos costumam contar histórias sobre os povos Guarani, e ensinar os Guarani Mbya mais jovens a seguirem os caminhos do mbya reko (modo de ser Guarani Mbya)…

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