Os guarani mbya buscam condições ambientais específicas para viver o mbya reko (modo de ser guarani mbya). Não é por acaso que vivem preferencialmente ao longo da Mata atlântica e nas florestas do Paraguai e Argentina, onde viveram seus antepassados. É possível afirmar, a partir da localização dos sítios arqueológicos, que os grupos Guarani, em um período anterior ao contato com os juruá (não indígenas), estavam presentes em espaços ambientais que hoje identificamos como domínio da Mata Atlântica, Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, entre outras formações vegetais. Retiravam dos ambientes tudo de que necessitavam para a sua existência/sobrevivência: desde frutos e plantas medicinais, passando pelo material para construção de casas, preparação de armadilhas (trampas ou mundéu) para a caça, até material para confecção de cestaria e cerâmica e outras peças utilitárias. As aldeias Guarani e os territórios de caça e coleta ocuparam amplos espaços nos vales dos rios, bem como nos seus afluentes, disputando o território com outras etnias ocupado há milênios pelos caçadores coletores locais. (BORGUETTI, 2014, p. 35).

Veja mais a respeito da relação dos guarani mbya com a Mata Atlântica, clicando no seguinte link: https://mirim.org/node/16372

Muitos lugares permanecem na memória mbya por serem transmitidas através das histórias orais dos mais velhos, narrativas que contam os eventos ocorridos com parentes próximos ou ancestrais, através das interpretações da cosmovisão guarani mbya.

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Os guarani mbya que vivem no sudeste brasileiro, buscam territórios com as seguintes condições ambientais: localizado em sentido leste, próximo ao mar, e com presença de Mata Atlântica. Assim, nomeiam as aldeias conforme os elementos míticos para identificar esses espaços. “O território guarani é formado pela relação entre os aspectos socioambientais, espaciais e de acordo com os princípios éticos que regem o modo de ser guarani. As regras de reciprocidade e de convivência social mantêm a dinâmica de ocupação territorial guarani” (Ladeira, 2001. In: TEAO, 2015, p. 19). Os territórios guarani mbya são físicos e imaginados. Físicos porque buscam áreas próprias para sua sobrevivência, com presença de Mata Atlântica e próximas ao mar, escolhidas através de elementos mítico-religiosos, como sonhos e revelações interpretadas pelas lideranças espirituais tradicionais. Imaginadas, pois compartilham um sentimento de o sentimento de comunhão étnica com outros guarani em espaços possíveis de serem ocupados,  apropriados como pertencentes ao povo guarani, que reelaboram suas identidades coletivas e suas histórias. Assim, por marcar sua identidade étnica, os guarani mbya preservam seus espaços de Mata Atlântica e seus recursos naturais. Esta necessidade de viver em espaços com tais condições ambientais, faz com que busquem preservar e manter um espaço destinado à manutenção dos laços de reciprocidade e de solidariedade do grupo étnico.