Pauliciana também ensinava aos jovens a fazer os artesanatos Guarani Mbya, como uma forma de resistência. Por muito tempo, os juruá (não indígenas) quiseram que os povos Guarani se assimilassem à cultura não indígena, abandonando sua religião e seu modo de viver. Mas a cultura Guarani Mbya é composta de várias formas, e os Guarani mantem suas práticas culturais justamente através das adaptações aos novos contextos. A produção artesanal Guarani Mbya é vendida nas cidades, para que as comunidades possam se manter. Esta é uma forma de resistir à intervenção dos juruá (não indígenas) às tekoá (lugares onde os Guarani Mbya estabelecem suas aldeias, e vivem o seu modo de ser), mantendo seu modo de ser e suas tradições culturais, através dos significados, modos de fazer, saberes e usos dos artesanatos. Associam, assim, seus saberes culturais às novas condições que encontram na relação com os meios urbanos…
Ao continuar produzindo, utilizando, e vendendo os artesanatos, as comunidades Guarani Mbya transmitem os saberes tradicionais, como por exemplo as técnicas de corte, ou a escolha das madeiras. Os artesãos mantem as relações espirituais com a natureza, através dos conhecimentos sobre as matas, de onde extraem os materiais para confeccionar os artesanatos.
Os processos de produção e os tipos artesanais procuram ser atualizados nas aldeias Guarani Mbya, de acordo com os aprendizados com outras aldeias, através de parentes que se visitam, ou dos saberes repassados pelos mais velhos. Algumas comunidades participam de projetos de ensinamento sobre o processo de confecção artesanal, como os ajaka (cestarias Guarani Mbya). Estas ações são importantes, pois os Guarani Mbya retomam os saberes tradicionais, e se aproximam do Mbya reko (modo de ser Guarani Mbya), pois passam a entender a relação das cestarias com os alimentos sagrados, como o milho, e os usos destes artesanatos no cotidiano donhandereko (sistema cultural Guarani Mbya). Por isso, os Guarani Mbya tem muito orgulho dos artesanatos que realizam…