As músicas Guarani mbya carregam consigo a resistência à invasão e tentativa de assimilação dos juruá (não indígenas), através da lembrança do modo de ser Guarani. Entoar os cantos Guarani implicam em aprender a respeitar os mais velhos, e se concentrar para ouvir suas histórias, compreender o que querem dizer, valorizar estas narrativas, e agir dentro do nhandereko. Os Guarani Mbya buscam espaços de práticas políticas populares e reforçam a resistência para manterem as suas práticas culturais vivas. Assim, é no coral que cantam músicas sagradas tradicionais que revelam sua fé, entoadas de geração após geração, relembradas pelos mais velhos, que são respeitados pelos Guarani apresentações em eventos.
É a religiosidade que dá forças para que os Guarani Mbya sigam sua caminhada, e resistam culturalmente, às pressões dos juruá que tem interesses em exterminar seu modo de ser. Os cantos e as danças fazem com que os Guarani Mbya aprendam, ao longo de sua rotina, o que é ser Guarani Mbya, a partir da sensibilidade de suas próprias práticas religiosas, que executam diariamente. Durante as chuvas, as kyringué (crianças) vão para a Casa de Reza, e dançam, cantam e brincam, agradecendo a chegada da chuva, e assim, aprendendo a respeitar a natureza. Ao cantarem, as crianças ouvem, entoam, e aprendem as palavras sagradas que Nhanderu fala…
Nhanderu deu a sabedoria dos cantos sagrados aos Guarani Mbya, para que as crianças, e também os outros Guarani Mbya, fortaleçam seus espíritos, tendo força e coragem, devido à narração de suas histórias, lembrando quem são, e para onde estão indo.
As danças e os cantos buscam seguir os ritmos da natureza, dos animais, mantendo a relação de equilíbrio que os Guarani Mbya buscam em seus ambientes. A música, assim, se revela como uma forma de manter um modo de estar no mundo, que cuja percepção do modo de ser influência nas práticas e decisões dos Guarani Mbya, mantendo sua dinâmica cultural viva, e em transformação constante, como em qualquer cultura…