Pelo menos desde o século XIX, as lideranças espirituais Guarani Mbya passam por dificuldades, devido às limitações territoriais. As lideranças são os responsáveis por rezar para os deuses e espíritos, e ensinar o modo de ser Guarani Mbya, para seguir o caminhar à Terra Sagrada. Pauliciana que já viveu em diversas aldeias, mantinha a importante função de conduzir as pessoas da comunidade Mbya de acordo com as tradições, através do ensinamento da língua e o respeito às crenças e ao modo de ser Guarani Mbya. Entre estas crenças, conforme as histórias Guarani Mbya, os animais e a flora das matas possuem deuses e espíritos protetores, os quais precisam ser respeitados para que os Guarani possam caçar, plantar e coletar materiais da natureza. Entretanto, com as invasões dos não indígenas às áreas das tekoá (espaços onde os Guarani Mbya vivem seu modo de ser), os Guarani Mbya muitas vezes não podem rezar para estes espíritos. Os cantos e as rezas da comunidade, muitas vezes são destinadas aos deuses para pedir as suas terras de volta, sendo também uma crítica à situação social atual dos povos indígenas Guarani. Devido à intervenção juruá (não indígena) nos territórios ocupados pelos Guarani Mbya, tornou-se raro as armadilhas dos Mbya apresentarem alguma caça, entristecendo as pessoas que acordam cedinho para checá-las…

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Devido ao desrespeito dos juruá com a importância das condições ambientais das tekoá, para que os Guarani Mbya possam viver seu modo de ser, vários conflitos por terra vem se desencadeando nas últimas décadas, principalmente após a Constituição de 1988, que voltou a reconhecer os direitos originários dos povos indígenas sobre as terras tradicionalmente ocupadas. Para lutar pelos seus direitos, e perseguir o belo caminhar que os povos Guarani mantem em suas memórias, foram organizadas várias comissões de trabalho, grupos de resistência, e movimentos sociais indígenas, para que suas terras sejam demarcadas. O processo de demarcação é muitas vezes iniciado, mas fica preso no limiar do processo, sem ser declarada pelo Ministério da Justiça ou homologada pela presidência da república. Enquanto isso, muitas aldeias têm suas áreas invadidas por não indígenas, e suas terras vão ficando sem condições de viver segundo o mbya reko (modo de ser Guarani Mbya). Muitas vezes, a própria demarcação das Terras Indígenas Guarani mbya não correspondem a uma área adequada para que os Guarani Mbya possam viver, devido a extensão reduzida das terras, ou pela região impropria ao plantio, caça, coleta, que impossibilitam a vivência Guarani Mbya segundo o nhandereko (sistema cultural Guarani Mbya). Por isso, as as comissões de trabalho Guarani server para reivindicar seus direitos, resistir a estes atos de violência contra sua cultura e seu bem estar, e poder viver segunda suas culturas. Durante sua vida, dona Pauliciana, e outras lideranças espirituais e políticas da Tekoá Koenju, participavam (e ainda participam) de comissões de grupos de trabalho de demarcação das Terras Indígenas Guarani, assim como o Guarani Mbya Santiago Franco.

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