A escola surgiu nas aldeias indígenas como uma forma de controle e assimilação. Com o surgimento do Serviço de Proteção ao Índío (SPI), as escolas foram implantadas dentro das aldeias, sendo administradas pelo SPI. Quando o SPI foi extinto, as escolas passaram a ficar sob a administração da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), basicamente com a mesma função de integração. Assim, a escola entrou na aldeia como uma ferramenta de dominação dos juruá. Por isso, muitas comunidades Guarani tem receio em relação à ausência de autonomia dos povos indígenas sobre a sua própria escola. Os Guarani querem escolher seus professores, viver a vida escolar de acordo com sua tradição e seu ritmo de vida, sem ter que modificar sua cultura para aprender a dos brancos. A ausência de uma escola diferenciada, faz com que esta violência à cultura Guarani prossiga, não respeitando sua cultura diferenciada… Veja um trecho do artigo dos historiadores Ana Lúcia Vulfe Nötzold e Clovis Antonio Brighenti, em que mencionam a avaliação da liderança Guarani Leonardo da Silva Gonçalves, sobre os limites para a inserção de escolas diferenciadas nas aldeias Guarani:
Depois do encontro de 2001, houve um aumento no número de escolas e na contratação de professores/auxiliares nas aldeias. Mas esse aumento não foi progressivo na implementação de uma escola diferenciada, do jeito Guarani. Segundo a avaliação da liderança Guarani do TI Morro dos Cavalos e cursista do Kuaa Mbo’o, Leonardo da Silva Gonçalves, o grande desafio é fazer com que a escola seja realmente diferenciada, pois essa proposta de escola diferenciada só está no papel. Segundo avaliação de Gonçalves (2006):
A escola não é diferenciada. Por enquanto a única diferença é que as aulas são dadas na língua Guarani, mas o conteúdo é igual a do branco. A Secretaria de Educação exige o controle de frequência e a avaliação é feita por prova escrita, e para passar de ano o aluno tem que saber o mesmo conteúdo da criança branca. (Gonçalves 2006). (BRIGHENTI & NÖTZOLD. Educação Guarani e educação escolar: desafios da experiência Mbya e Nhandeva. 2010, p. 30).
Ouça a algumas Guarani que participam do coral da Aldeia Yynn Moroti Wherá, assim como o depoimento de seu Alcindo Wherá Tupã, liderança espiritual desta tekoá (espaço em que os Guarani Mbya vivem seu modo de ser). As falas evidenciam os problemas relacionados as pressões da sociedade não indígena, ao buscar que os Guarani vivam apenas à cultura dos juruá (não indígenas):